Páginas

domingo, 28 de março de 2010

Formigas subiam pela pedra


Está se afogando. Sente cada vez menos oxigênio passando por seus pulmões, cenas já vividas vão se passando como um filme. Sorri e afunda cada vez mais.
A Luz ofuscante de um peixe que brilha mais do que a lua em sua direção. Sem fôlego não consegue desviar, é consumida por essa luz extremamente brilhante, abre os olhos. Sente, ama, fecha os olhos novamente.
O frio que antes lhe arrepiava os pelos, transformara-se em calor, numa sensação boa de proteção. Uma sombra contornando a areia numa linha reta, perfeita, sem nenhum traço fora do lugar. Concha deformada pelas ondas, que tentam destruir castelos na areia, sonhos e brincadeiras de uma criança qualquer. Não se cansa, luta ferozmente para salvar seu pedaçinho de terra seca.

Abre os olhos mais uma vez e ele se vai, um beijo rápido de despedida e ela não pode dizer-lhe nada, se foi.

Caminho rápido, não tem mais apoio no vazio ao seu lado, ela que antes se aninhava e sorria inconscientemente (...)Vazio.

Fotos e pensamentos, uma folha amarelada de caderno que lê ao deitar-se, sozinha e fria, cabelo desgrenhado, unhas feitas, poucas peças de roupa e janela aberta, olhando a noite de céu alaranjado. Venta pouco lá fora, as folhas da árvore permanecem quase imóveis, somente algumas se atrevem a balançar, num movimento não acompanhado por seus olhos.

Nem um dia se passou desde que se viram, essa eternidade que surge dentro dela já faz parte de sua nova vida, acostuma-se com todas as coisas novas, sensações, sorrisos, palavras, abraços e a ausência quase insuportável dele, o seu apoio, o seu toque, o seu calor (...)

Um comentário:

Hebert disse...

Não há o que fazer, não há como lutar contra esse destino de horas contadas.
Dá mais sede pro próximo encontro.

Postar um comentário