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terça-feira, 18 de outubro de 2011

Sentir-se completo

Muito mais do que somar experiências com o outro, sentir-se completo é multiplicar vivências (s.f. processo ou manifestação de estar vivo). A vida, quando sentida dessa forma, é a mais linda demonstração de amor que podemos ter. Portanto sejamos gratos pelo simples fato de, em um dia qualquer, a curva da esquina de todos os dias tenha nos levado mais além, nos permitindo todo o conhecimento necessário do recíproco.

sábado, 15 de outubro de 2011

Fique de pé e seja forte




Deito, e logo surgem. Eles que nunca me deixaram de vez, agora insistem em gritar constantes e atordoados. Pela madrugada, continuam a sussurrar loucos de pedra e só sei pensar em fugir, não sei bem se pra isso tem fuga, nem mesmo sei o que é isso que se passa. A gente um dia fica bem, no outro a dona solidão faz companhia e, no terceiro, nem mesmo as palavras distantes de algo que acreditamos ser nosso fazem bem. Quando existem de fato palavras, só servem para tirar o sono, perturbam e nos afundam numa fossa tão profunda e cheia de lama que nem mesmo os monstros das histórias de terror habitariam.
Por fora, certamente o sorriso constante, a voz que pergunta sempre vai ouvir que está tudo bem, logo ali, na próxima semana melhora com a chegada.
Chegada nunca foi uma má pessoa, mas tem demorado a vir. Espero por ela e a danada me dribla, fico ansiosa, mas é para ela que vivo. Até que num susto, parece não vir mais, como se tudo se transformasse em pó na metade do caminho, justo quando pensei que estaria perto de mim.
Tudo num fio fino, equilíbrio comprometido e voz falha, poucas e simples palavras bastam pra que não venha, mas há a resistência, dependente do meio, claro, e que se continua a agir é porque ainda temos boa vontade de querer, de verdade, o amor que nos é de direito e o dia que se segue, onde ficamos juntos e aquilo de valer a pena se confirma.
Nos últimos dias, só sei pedir, mais do que agradecer e, espero que não seja egoísmo de minha parte, mas realmente meus pedidos são sofridos, cheios de dor e necessidade de algo que parece ter ficado pra trás. Aquela velha conversa pelo telefone, beijos rápidos numa esquina qualquer, abraço apertado.
Que não sejamos apenas mais dois corpos em uma cama macia, que por mais que o encontro seja tardio, nos preencha e renove as forças, que embora abaláveis, tem nos mantido juntos. Que haja amor, aventura, emoção. Entre uma e outra chegada, que você fique.

"May you have a strong foundation
When the winds of changes shift." 
Forever Young - Bob Dylan

domingo, 18 de setembro de 2011

Livre arbítrio


Eu te escolhi.
Outros me olhavam, outros pareciam talvez
até um pouco mais interessantes, mas eu escolhi você.
Que esquisito, eu já havia escolhido outros outras vezes.
Dessa vez tudo foi diferente, dessa vez não era tão simples assim,
dessa vez havia um diferencial tão complexo:
você me escolheu também. Maria Clara Machado.

Gritando por um outro sentimento


-Ele foi embora, e vamos dizer a verdade, foi porque cansou.
- (...)

Tento, com a pouca força que me sobrou, não permitir que meu coração veja essa ida como um fim, por mais que ele seja fraco e grite todo o tempo para que eu veja isso. Espero de verdade você voltar, só não cobre de mim um falso sorriso dizendo que está-tudo-bem e que-a-vida-é-assim-mesmo, quero a gente, quero o juntos-pra-sempre e não aceito fiado.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

We can still...


...survive?

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Estou te esperando, mas você não vê



Olhe para mim, veja como minhas palavras são cheias de esperança. Essa fé que me move tem sido alimentada há anos, uns dois mais ou menos, por você. Só não permita, por favor, que ela seja rompida, não suportaria novamente um desastre dessa magnitude, abalaria minhas entranhas e me destruiria completamente. Tudo isso porque é só você que eu vejo, sinto e que me faz querer por inteiro. Uma pele macia, firme e morena que me dominou desde o primeiro encontro, desencontrado. Estou te esperando, e só preciso que você me enxergue aqui, do outro lado, que acredite em mim e no meu amor. A cada dia as coisas ficam mais insuportáveis de se manter, a convivência comigo mesma tem sido dura, me sinto falida.
Volte com meu amor, ou mate-o de vez.

sábado, 23 de julho de 2011

Naufrágio de final de semana



Pois veja bem, meu caro. De uma forma demasiadamente insuportável estou sendo obrigada a ficar sem você, sair sem você e, ao chegar, não ter você pra me acolher. Portanto, por favor, me deseje uma boa noite antes de dormir, diz pra mim que me ama e não encurte tuas frases, elas tem o poder de machucar com uma só sílaba. E, antes que eu me esqueça, volte logo, mas volte bem, preciso de você inteiro, isso de ter picadinho não alimenta, não supre.


Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles.
Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles.
Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração.
Como eles admiravam estarem juntos!
Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos. Clarice L
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