Está se afogando. Sente cada vez menos oxigênio passando por seus pulmões, cenas já vividas vão se passando como um filme. Sorri e afunda cada vez mais.
A Luz ofuscante de um peixe que brilha mais do que a lua em sua direção. Sem fôlego não consegue desviar, é consumida por essa luz extremamente brilhante, abre os olhos. Sente, ama, fecha os olhos novamente.
O frio que antes lhe arrepiava os pelos, transformara-se em calor, numa sensação boa de proteção. Uma sombra contornando a areia numa linha reta, perfeita, sem nenhum traço fora do lugar. Concha deformada pelas ondas, que tentam destruir castelos na areia, sonhos e brincadeiras de uma criança qualquer. Não se cansa, luta ferozmente para salvar seu pedaçinho de terra seca.
Abre os olhos mais uma vez e ele se vai, um beijo rápido de despedida e ela não pode dizer-lhe nada, se foi.
Caminho rápido, não tem mais apoio no vazio ao seu lado, ela que antes se aninhava e sorria inconscientemente (...)Vazio.
Fotos e pensamentos, uma folha amarelada de caderno que lê ao deitar-se, sozinha e fria, cabelo desgrenhado, unhas feitas, poucas peças de roupa e janela aberta, olhando a noite de céu alaranjado. Venta pouco lá fora, as folhas da árvore permanecem quase imóveis, somente algumas se atrevem a balançar, num movimento não acompanhado por seus olhos.
Nem um dia se passou desde que se viram, essa eternidade que surge dentro dela já faz parte de sua nova vida, acostuma-se com todas as coisas novas, sensações, sorrisos, palavras, abraços e a ausência quase insuportável dele, o seu apoio, o seu toque, o seu calor (...)