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sábado, 27 de fevereiro de 2010

Várias formas, só isso.

Começa a morrer a partir do momento em que nasce. Compreende o tempo, que tamanha rapidez o faz passar por suas mãos, sem ser notado. Inconfundíveis olhos castanhos, cabelos na cara, botões por serem abotoados. Recusa companhias, noite taciturna, poucas pessoas. Entra em casa, joga as coisas na cama, lençóis ainda por serem dobrados. Espera que a angústia seja passageira, mas no fundo sabe que não é. Não tem por hábito sair falando de seus momentos paranóicos, enfadonhos e incertos, mas sente a necessidade de um simples ouvinte. Três dias e nada. A direção não muda e os passos seguem cada vez mais rápidos. Conselhos que não servem pra nada. Resolve que a culpa é toda sua. Aceita apenas viver, que seja da melhor maneira, que seja simples, alguém por perto, sorrisos sinceros e abraços quentes. “Buscar a luz onde a luz já não alcança. WS.”

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

5 de Abril de 1994


-Vai para o mar, rapaz! Isto aqui não é mundo, que Deus nos ajude. Macaquear a nobreza não é vida. Parte, parte, parte, antes que seja tarde demais!

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Resistência

Dormir apenas 2 horas numa noite não é tão ruim quanto parece. Acordar cedo tem seu lado bom. Olheiras reveladoras brotam sob pele. Sem sonhar, talvez por não ter dormido, mas a cabeça não para de girar à procura de algo concreto, algo real e seguro, que possa finalmente sossegar. As amigas ligam, arranja desculpas pra não sair, é tudo tão contraditório, se sente entediada na solidão do seu quarto, enterrada em livros, músicas repetidas, mas no fim, o prefere. Não sabe muito bem lidar com tudo isso agora, uma mistura de sensações surgindo, coisas boas na sua maioria. Faz tudo parecer surreal só com um piscar de olhos, não sabe exatamente se ao abri-los, ele estará ali. Quer simplesmente adormecer nos seus ombros, lhe falar coisas bonitas, abraçá-lo pra sempre. O hálito com a mais perfeita mistura de hortelã com nicotina, as risadas sem motivo, as palavras que ela não entende, mas gosta. Um toque em suas mãos e seu medo desaparece, não precisa de mais nada naquela noite, aquilo já basta, naquela noite. Sim, o lamaçal que quase a cobria, se foi com o dele. Chega a irritar a imagem que não mais lhe sai da cabeça. O desejo de tornar tudo tangível novamente não falta, mas a coragem não permite. Espera por uma iniciativa, pensa mil vezes, não suporta a pressão, desiste, sai desesperadamente e procura por algo que nem mesmo faz ideia do que seja, não agüenta nem dez minutos longe da tela do computador, volta. O sono começa a perturbar, as teclas parecem desviar dos seus dedos, as palavras não surgem, está estagnada, não sabe mais o que dizer. Ela só o queria pra si.

A solidão o assombra

Cronos

É tão difícil quanto esperar o tempo passar olhando fixamente para o relógio... Ele demora mais do que devia, os ponteiros não saem do lugar, a respiração fica estagnada, os músculos se contraem e como se numa reação contrária, a mente explode em pensamentos, ansiedade, vontade de ter naquele momento, quebrar todas as regras, fazer o inesperado. Maldito tempo humano.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Olhar perdido no balcão

As pessoas sempre vão falar
pois suas línguas lhe vencem os dentes
e seus medos e inseguranças
sempre acabam em dedos ao diferente.
Então que se foda amor, que se foda
se a palavra suja não rima.
Que se foda amor, que se foda.
Pecado é não viver a vida.

Então esquece tudo e vem
que a vida é assim
e se a gente deixar de viver
não vai dar tempo de sorrir.
Vamos pegar essa estrada
e sentir o vento cantando esta música
que conhecemos mais que nós mesmos.

(Interlúdio Para Um Bar de Beira de Estrada Por 33 Anos Fora do Mapa - Dance Of Days)